Fui ter contigo,
Numa noite de inverno estranhamente quente,
O teu ar não me enganava, estavas zangada com algo.
mas, surpreendentemente, regurgitaste um :
"Gosto mesmo de ti... mas...".
Eu sabia, devíamos ter ficado lá fora, esta era a altura ideal para puxar do meu cigarro.
Ah! Que vontade que tive de partir tudo à minha volta...
As tuas palavras confortaram-me , sort of, mas incomodante estava o calor daquela sala, e a quantidade de casais com auras cor-de-rosa na sua cabeça.
"~não tem mal, eu percebo, e também já esperei tanto... espero mais um bocado"
Sorriste... até hoje não percebi o significado desse sorriso.
Eu morri mais um bocado por dentro, nunca fui lá muito paciente, nem tu curiosamente,
Acho que nunca tomei tanta atenção aos teus olhos, por um segundo pareceu que ias começar a chorar loucamente, pergunto-me o que passou pela tua cabeça.
Sinto um piano a cair de um prédio qualquer e a partir-se no chão com um grande "BAM!!", sinto que me deram um tiro e procuro as minhas entranhas no chão, mas afinal tinhas apenas agarrado na minha mão.
Tentei dizer qualquer coisa mas saiu apenas alcatrão. (que rima cliché)
Com a voz muito tremida perguntei se estava tudo bem...
Ao que me respondes-te que se calhar íamos andando, acenei com a cabeça, na esperança de um afecto qualquer que nunca vieste a mostrar.
Apanhamos o mesmo autocarro, abraçados, juntos, por meio-segundo até me esqueci do que tinhas dito antes, a tua tentativa de um "não" muito subtil.
Nunca foi uma das tuas características, nem mesmo à frente de pessoas que conhecemos, ou à minha frente.
Sais-te do autocarro, sentei-me.
Desde então que fiquei encravado naquele autocarro, na esperança de que me leve a outras paragens, ou que entres na próxima.
João Récio (?)